a lua míngua durante a tarde;
à noite, já não se vê seu círculo prateado.
é quando desperto, cheia de versos presunçosos
e pensamentos pecaminosos.
sinto o ar frio [do quarto de vampiros]
e sinto o oposto.
aturdida de despertar, dou-me conta de que
ao meu lado há:
um corpo atômico-radioativo.
emana calor para todos os lados,
torna quente a cama fria, torna quente o ventre frio.
como no despertar vampiresco é hora de sugar.
e me alimento do calor desse corpo;
e nele me aninho,
nele faço ninho – de corpo, cobertores e penas
[penas de grande pássaro negro]
mas o ninho está vazio.
o ventre está vazio.
um dia, ah!, como pensei que não – mas estava tão errada, tão errada!
um dia, o ventre há de ser preenchido,
para ocupar o ninho.
[o erro foi meu: demorei a perceber que meu ventre estava guardado para abrigar aquele que nascerá do homem que possui o anti-cristo no - e pelo? - corpo.]
mas não antes de voarmos.
haveremos ainda de voar muito:
ele com suas grandes asas de corvo;
e eu com minhas novas asas -
presente de meu ama[nte]do.
e ensinaremos o rebento de Samael
a voar.
alto. muito alto.
e seremos, finalmente, em um: um
mistura pseudo-genética.
e no mundo haverá um[a] nova vida;
e re-nascerá o veneno de cristo:
do ventre de uma serpente que se apaixona por um corvo.
veneno, morte, destruição:
é assim que a nova vida se fará.
com a explosão do caos, é que nascerá nossa estrela.
nossa estrela perpétua.
nossa estrela da manhã, quero voar e quero o ventre.
ResponderExcluirque texto lindo meu amor, lindo mesmo.
desventremo-nos todos juntos!!!
ResponderExcluirgosto dessa coisa entre o abismo e o labirinto.
abraço,
Fred
"Vamos! Vamos! Estou ferido;
vamos beber o já bebido
vamos, corvo, fecundar tua serva."
poema de Cesar Vallejo, tradução minha