dama de gelo em seu castelo. escondida atrás do muro, evitando o sol, num mundo onde é sempre noite.
frio azul líquido que arde na pele.
pele gelada da dama que ela esfrega em cada pele que puder encontrar.
ela quer mais perto, mais próxima da sua.
a dama vive na agonia de procurar sempre um raio de sol vermelho para desfazer o castelo de gelo.
agonia da dama. melancolia. solidão em seu mundo azul.
azul frio em pares – ou, mais que isso. quarto frio, pele[s] fria[s], sexo frio.
calor de aquecedor: não-intenso, limitado, artificial.
a dama não só é fria, como não é orgânica.
sua pele, acostumada com o gelo, passou a ser sintética. funciona esfregando-se em outras tão frias quanto à sua e produzindo nada mais que um gelo morno esfumaçante que se dissipa tão rápido quanto é produzido.
quanto mais peles a dama esfrega à sua, mais artificial ela se torna. esfrega em outras peles como a sua suas palavras, seu frio e ardido azul, seu calor morno, sua melancolia solitária, seus desejos sem fim.
poderíamos ser dois vampiros nos alimentando do sangue quente um do outro: sangue orgânico, pulsando dentro das veias, mantendo vivo e aquecido. mas não somos.
somos dois blocos de gelo sintéticos. frios. frígidos.
dama de gelo em seu quarto frio, de paredes gelo e iluminação sintética.
sexo frio, amores frívolos.
Muito boas, todas elas...
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