ensina-me a andar pois minhas pernas já perderam o equilíbrio.
ensina-me a viver pois a morte negra me persegue [ah! os últimos homens!]
ensina-me a ser forte, a ser dura, a ser bruta: a dizer não.
ensina-me a aceitar-me. a não ter vergonha.
em troca;
esino-te a leveza, a não olhar para trás.
ensino-te a voar em tapetes e espalhar o caos, nosso velho amigo de pernas tortas - tão parecidas com as minhas.
retiro de você suas mágoas. arranco os espinhos cravados em seu coração e costuro com amor e delicadeza suas feridas.
quebro com um martelo gargalhante seu iceberg, sua frieza.
[ah, meu amor: somos inevitáveis pois a vida nos foi dada.]
queremos, desejamos: PODEMOS.
*
duas serpentes enroladas: cada uma com seu veneno, cada uma com sua frieza - mas ambas não se desgrudam. desejam uma à outra para poderem não picar: é necessário segurar nos dentes o veneno. [o gelo incontrolável, criado, inventado] - elas vão aquecer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário