talvez.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
angelical.
sábado, 14 de novembro de 2009
§ub[missão].
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
anã.

de frente para o espelho lambuzou os lábios com o batom vermelho da mãe. de rosa-rouge pintou as maçãs do rosto. lápis preto nos olhos.
fez vestido de uma das blusas da mãe e calçou, desajeitadamente, os sapatos de salto-alto marrons.
olhou com desprezo as roupas de criança jogadas em cima da cama.
- não, elas não são mais para mim.
mirou sua própria imagem no espelho: parecia uma mulher que havia encolhido.
tinha pressa de crescer.
seu corpo já havia sido por diversas vezes exposto, tocado, lambuzado com algo mais viscoso que batom. então, por que não?
- não. não se faz assim com crianças, não é certo.
apertou contra o seio ainda reto a última lembrança da infância. depois, deixou-a sobre a cama, fechou a porta e se foi.
- uma vez fechada a porta é hora de partir, me vou desse mundo e [des]-habito um lugar para ocupar outro do qual ainda não me dei conta.
“a infância é curta e a maturidade é eterna.”
- calvin.
terça-feira, 10 de novembro de 2009
abismo.
para o fundo do abismo.
olhar o abismo e não sentir vertigem.
eis aí o desafio para os que temem grandes alturas.
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
ausência,
chamam-me ausência.
minha especialidade é partir.
partir para longe e não mais voltar.
partir em pedaços.
assim sendo, parto.
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
borboletas.

de que ela tinha medo, ninguém duvidava. vivia escondida pelos cantos das paredes, correndo em salas redondas, fugindo de um não-sei-o-que apavorante que lhe perseguia.
teimava em camuflar-se por de baixo das saias das senhoras que percorriam a praça. saias longas, escuras. tecidos onde podia se enfiar, amedrontada, como sempre.
mas um dia, sozinha, sem onde mais esconder-se, entrou no tronco oco de uma árvore.
por lá permaneceu enquanto longos dias pavorosos passavam.
um dia, para a surpresa da cidade, que já havia esquecido-se da menina amedrontada, uma borboleta de cores ocre apareceu voando em torno das saias das senhoras da praça, para depois, sumir no ar.