"A Senhorita X afirma que não tem mais cérebro nem nervos nem peito nem estômago nem tripas, somente lhe restam a pele e os ossos do corpo desorganizado [...]"

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

borboletas.


de que ela tinha medo, ninguém duvidava. vivia escondida pelos cantos das paredes, correndo em salas redondas, fugindo de um não-sei-o-que apavorante que lhe perseguia.


teimava em camuflar-se por de baixo das saias das senhoras que percorriam a praça. saias longas, escuras. tecidos onde podia se enfiar, amedrontada, como sempre.


mas um dia, sozinha, sem onde mais esconder-se, entrou no tronco oco de uma árvore.

por lá permaneceu enquanto longos dias pavorosos passavam.


um dia, para a surpresa da cidade, que já havia esquecido-se da menina amedrontada, uma borboleta de cores ocre apareceu voando em torno das saias das senhoras da praça, para depois, sumir no ar.

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