"A Senhorita X afirma que não tem mais cérebro nem nervos nem peito nem estômago nem tripas, somente lhe restam a pele e os ossos do corpo desorganizado [...]"

terça-feira, 16 de março de 2010

el cuerpo


cabelos castanhos sempre despenteados, postos por sobre uma cabeça cheia de pensamentos nem sempre corretos, nem sempre belos, mas, livres, que fluem – fluxo que não pode ser interrompido – e pergunta-se o que poderia detê-lo.
boca que morde e beija com a mesma intensidade: insaciável. boca que acalma e faz eu me sentir a mulher mais linda do mundo, boca obscena, sem freios. boca que grita, que fere.
braços marcados – “defeitos de fábrica” – e cicatriz. minha cicatriz. minha forma de dizer: habitei seu corpo.
mãos macias que me acariciam e me tocam com desejo, que me esfregam e batem, me seguram e estrangulam. mãos que fazem eu me sentir menina. ás vezes, mãos de homem: que quebra, bagunça com meu coração, atira coisas pela janela e só me dá duas opções: desapegue-se ou faça algo que não possa ser arrancado.
peito que guarda um coração frankstein: feito de pedaços de várias ocasiões, costurado em alguns pedaços, sangrando em outros. coração amoroso que me quer bem. coração que completa.
pênis e ânus: onde ele está quando tudo vai bem. onde gosto de tocar – são ele, desejo e intensidade.
pernas e pés para fugir comigo e me levar para bem longe.

*

"...não quero apenas morar com você. meu desejo maior é morar em você."

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