"A Senhorita X afirma que não tem mais cérebro nem nervos nem peito nem estômago nem tripas, somente lhe restam a pele e os ossos do corpo desorganizado [...]"

domingo, 21 de fevereiro de 2010

era uma vez...

uma pequena moça, de dez anos, que caminhava pela floresta levando uma cesta em meio a escuridão. o escuro não a assustava, nunca teve medo dele. mas, perguntava-se sobre os objetos que carregava em sua cesta: porque o homem, que havia sido tão gentil com ela, oferecendo-lhe uma brincadeira em sua casa durante a noite, havia pedido aqueles objetos em específico? sua imaginação vagueava pelas centenas de brincadeiras que poderiam fazer com aquelas coisas que havia roubado da despensa de seu pai.

chegou à porta da casa do homem e tocou a campainha. não houve resposta. será que ele havia se esquecido do que tinham combinado e ela voltaria para casa sem nenhuma diversão? será que teria sido inútil fugir no meio da noite e, sorrateiramente, como uma gata, passar pelo pai dormindo na sala, mexer em sua caixa de ferramentas e ir andando, quase saltitando com a mente cheia de idéias até lá?

[foi tomada de assalto por um sentimento que não sabia bem explicar o que era. se o homem não abrisse a porta, sentiria-se... rejeitada? desejava intensamente estar perto daquele homem novamente, e a porta fechada significava o fim... mas o fim de que? sentia-se como se estivesse prestes à ser apresentada a um novo mundo: um mundo mágico, e não queria perder um minuto, nem mesmo um segundo, para estar naquele mundo.]

não, não foi inútil. o homem abriu a porta. do escuro onde estava observou a silhueta do homem na penumbra que tomava, o que ela pensou ser, sua sala: ele era alto, tinha mãos grandes e brilhantes olhos castanhos que se escondiam por de trás das lentes do óculos de aros negros... mas não à assustava, tinha um olhar caloroso e confortador.

foi convidada à entrar, sentou-se e conversou bastante com aquele semi-desconhecido... num momento, olhou para as mãos do homem e sentiu-se pequena, infantil em seu conjunto de saia e blusa vermelhas.

ela não saberia dizer bem como tudo começou, lembrava-se apenas da frase:
- chegou a hora de nós dois brincarmos.

o homem, então, mexeu em sua cesta e tirou de lá um par de algemas e uns pedaços de corda.
- espero que goste da brincadeira, mas, não preciso de esperanças: sei que vai gostar.

antes de qualquer reação sua, as enormes mãos do homem tocavam seu corpo, algemavam-na e amarravam-na no sofá em uma posição que a deixava exposta. sendo ainda criança e sem muitos pudores, não sentiu muita vergonha, estava apenas curiosa para saber como seria a brincadeira.
e, rapidamente, descobriu: antes de qualquer ação, antes de respirar, antes de conseguir fechar e abrir os olhos ou proferir qualquer palavra, o corpo do homem estava sobre o seu, rasgando sua calcinha, tocando-a, penetrando-a. sentia uma dor muito forte e começou a chorar. as mãos do homem foram até a sua boca, tapando-a: - quietinha, minha menininha putinha.

não sabia o que fazer, sentia-se suja e dolorida, mas... num impulso e estremecer sentiu uma corrente elétrica que percorreu todo o seu corpo e foi parar lá onde o homem a penetrava. não sabia o que havia sido aquilo, mas, percebeu que, no mesmo momento, mãos foram postas em volta de seu pescoço privando-a de respirar, e, logo depois, tudo acabou.

o homem já não estava mais sobre ela e ela não sabia o que pensar: o que havia sido feito dela? mas não pensou mais... com as mãos agora livres [podia fugir, se assim desejasse, mas não o fez] tocou-se entre as pernas e sentiu o calor e os líquidos que escorriam; levou as mãos à boca: gosto de sangue, gosto do homem e seu gosto. um gosto que jamais havia sentido. olhou para aquele semi-desconhecido e não se sentiu mais pequena, nem infantil.

então, como quem toma repentinamente uma decisão ao entender o que ocorre, levantou-se e sentou-se no colo do homem, quente, confortável e proferiu uma única palavra:
- ensina-me.


moral da história: [com o perdão dos psicólogos] – crianças também gozam [e gostam!]

Nenhum comentário:

Postar um comentário