"A Senhorita X afirma que não tem mais cérebro nem nervos nem peito nem estômago nem tripas, somente lhe restam a pele e os ossos do corpo desorganizado [...]"

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

; “sim, eu desejo isso. aquilo que diriam incorreto, ou imoral: quase tudo o que é assim nomeado atrai meus sentidos.”
[chicotes, velas, lâminas – frias ou quentes – palmatórias, algemas]: masoquismo.


sem regras. não há manuais ou livros: apenas corpos excitados, palanques de pura infecção. sexualidade? jamais no singular. sempre plural: sexualidades.

o singular cria barreiras, juntamente com as regras rígidas. oras, como pode a intensidade circular e fluir se há muros de leis não flexíveis, se devemos chamá-la com um detestável final desprovido de “S”?

nós, criaturas, já saímos à luz do dia mostrando nossos corpos marcados [feridos, machucados, doloridos]: atitude anti-lei-sanitária. querem nos tratar e diagnosticar, mas não estamos doentes. os diagnosticadores sim, esses encontram-se enraizados dentro dos piores tipos de doenças: deus, ciência, lei do homem – todas vindas de uma mesma bactéria comum, a necessidade do metafísico, do superior, da VERDADE.

por isso, aos espertos, cabem os passos leves, enganadores: fuga noite a dentro, atitudes bárbaras, sobriedades momentâneas em meio à toda ebriedade que nos conquista e arrasta.

procure um caminho tortuoso [mas não procure luzes no fim], passe por ele, abra uma porta qualquer, relevo ou adjacência e corra: saia de si.

2 comentários:

  1. Gostei especialmente desse trecho: "procure um caminho tortuoso [...], passe por ele, abra uma porta qualquer, relevo ou adjacência e corra: saia de si". É verdade que é mais difícil fazer do que escrever, mas ficou mto bonito.

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