"A Senhorita X afirma que não tem mais cérebro nem nervos nem peito nem estômago nem tripas, somente lhe restam a pele e os ossos do corpo desorganizado [...]"

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

in-verção, in-venção, in-volução



olhou de cima e observou a criatura amada na posição que gostava de ficar e fazer ficar.
as marcas – negras e vermelhas – tornavam tudo mais excitante, mas era preciso calma.
tocou, devagar, com a ponta da língua as áreas em torno daquilo que queria explorar melhor. experimentava devagar. sentia os gostos e os cheiros e excitava-se com aquilo que ainda não havia feito.
molhou a ponta dos dedos e passou, com leveza, o indicador em seu cu. num momento, sua língua já não experimentava levemente. sugava. beijava. queria aquele gosto em sua boca mais que já quis muitos, muitos outros.
então, preparou-se.

– devagar.

obedeceu. sempre obedecia. mas nem sempre se continha.
quando enfiava com mais força ouvia gemidos mais altos, gritos...
enrabava seu dono, seu senhor. o ouviu gozar de quatro, como mulher.

[gostava[m] daquilo]

o sentiu estremecer e ouviu seus gemidos, grunhidos: devir animal – cão e cadela em inversão; devir masoquista: senhor e escrava. violência que devém.
gozo que devém: dois como matilha de cães – involução.


[contaminação do desejo-prazer-gozo de um no outro]

§


“quem não conheceu a violência dessas sequencias animais que, o arrancam da humanidade mesmo que por um instante [...]?”
- deleuze; guattari.

2 comentários:

  1. Uma vez li, sei lá onde, que não há evolução, nem involução...só desenvolvimento. Sei lá se acredito nisso, mas até hj não usei essas palavras outra vez... "[gostava[m] daquilo]" é isso que faz bem eu acho..

    lindo texto..bj :D

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  2. obrigada, meu querido.
    creio que gostar do que se faz, em qualquer sentido, é o que faz bem.

    ;*

    p.s.: involução é um termo que o deleuze e o guattari usam no quarto platô para falar sobre os devires animais entre outras coisinhas.

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