"A Senhorita X afirma que não tem mais cérebro nem nervos nem peito nem estômago nem tripas, somente lhe restam a pele e os ossos do corpo desorganizado [...]"

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

devir animal



"os bandos, humanos e animais, ploriferam com os contágios, as epidemias, os campos de batalha e as catástrofes. é como os híbridos, eles próprios estéreis, nascidos de uma união sexual que não se reproduzirá, mas que sempre recomeça ganhando terreno à cada vez. as participações, as núpcias anti-natureza são a verdadeira Natureza que atravessa os reinos. a propagação por epidemias, por contágio, não tem nada a ver com a filiação por hereditariedade, mesmo que os dois temas se misturem e precisem um do outro. o vampiro não filiaciona, ele contagia.

[...]

estamos longe da produção filiativa, da reprodução hereditária, que só retém como diferenças uma simples dualidade dos sexos, no seio de uma mesma espécie, e pequenas modificações ao longo das gerações. para nós, ao contrário, há tantos sexos quanto termos em simbiose, tantas diferenças quanto elementos intervindo num processo de contágio. sabemos que, entre um homem e uma mulher passam muitos seres, que vêm de outros mundos, trazidos pelo vento, que fazem rizoma em torno das raízes, e não se deixam compreender em forma de produção, mas apenas de devir. o Universo não funciona por filiação. nós só dizemos, portanto, que os animais são matilhas, e que matilhas se formam, se desenvolvem e se transformam por contágio."


[-deleuze-guattari-]

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