tinha em mente algumas coisas para escrever, imagens sangrentas para usar, palavras de ódio contra o que me afeta para declarar. mas delas me olvidei. meus olhos transitaram por palavras tão nuas, quentes, intensas e alegres que me esqueci do rancor que queria demonstrar.
*
há um novo começo. parece que tudo vai surgir a partir de agora.
é a criação: nada mais belo haverá de existir.
é o momento: explosão e intensidade. surdez. mudez. cegueira. falta de tato.
todos os sentidos falham, mas o coração parece que quer sair pela garganta e ir buscá-lo, trazê-lo para perto, para dentro – sentido número seis.
o que eu quero? um beijo, mãos dadas, um abraço e um afago.
mais que isso, quero gritar. sem voz, com o corpo: amo-te. plenamente. quero-te: como homem, ou bicho, ou mulher – ou homem-bicho-mulher.
e chego a conclusão: estou contaminada, de pernas e mãos atadas, deitada em líquido quente; precioso. não há por onde, nem porque, escapar.
[não quero escapar, não de novo]
o que fazer?
- a-m-a-r-
*
"não foi propósito, não.
os seus gestos inocentes
tocavam no coração
como invisíveis serpentes [...]"
- fernando pessoa.
Segure com força
ResponderExcluirprenda entre seus dedos
e corpo
não o deixe escapar , doce e venenoso amor.
adorei :)
beijo
Keila